Friday, August 12, 2005


Torcida organizada!

Uma estacao de trem.

Horarios dos proximos trens!

A neblina na volta.

O carimbo no pau (begala/cajado) por USD 5, claro!

As instalacoes la no topo.

Sunday, August 07, 2005

No Topo do Japao!

Uma montanha

Subir o Fuji e algo que figura entre os sonhos dos estrangeiros residentes no Japao. Eu fui convencido a tentar porque (1) precisava de uma pausa entre um estudo e outro; (2) sempre tive vontade de subir uma montanha; (3) achei que tinha preparo fisico para subir o Monte Fuji (seque uma montanha de verdade!); e (4) seu eu nao tivesse preparo fisico - e de fato e dificil admitir que nao o tenho - para escalar agora (aos 25 anos), digamos que nao sera aos 50!

Cronograma

08:08-09:51 Trem Sannomiya (centro de Kobe)-Maibara

10:07-10:38 Trem Maibara-Oogari

10:55-12:46 Trem Oogari-Hamamatsu

12:52-15:10 Trem Hamamatsu-Mishima (ultima estacao de trem em direcao ao monte)

15:30-17:40 (planejado: real 18:00) Onibus Mishima-Kawaguchiko

19:00-20:00 Onibus Kawaguchiko-Gogome (5o posto a 2000 m)

20:00 Chegada em Gogome, banheiro, lockers, compra de oxigenio em spray e saida

24:00 Chegada no ultimo posto (8-gome) e 1 desmaiado. 3 com dores.

03:15 Chegada do primeiro grupo (eu entre eles!) no portal de entrada do cume (foto)! Preparativos para se livrar do frio, compra de coisas quentes, preparacao de cameras fotograficas, etc.!

04:25 Primeiros raios do sol

04:45 Sol inteiro (hinomaru), banheiros, compra de badulaques, etc. Desncaso!

07:15 Saida do cume.

11:30 Chegada no posto 5 (Gogome)

12:00-13:00 Onibus Gogome-Kawaguchiko

14:00-17:00 Onibus Kawaguchiko-Mishima

17:50-20:10 Shinkansen Mishima-Osaka

20:25 Trem Osaka-Sannomiya

21:00 Casa, banho, e-mails e cama!

O 18-kippu (Ticket 18) Invencao interessante dos japoneses para vender passagens de trem com desconto. Pagando JPY 11.500, pode-se viajar em qualquer trem (exceto Shinkansen, o trem-bala) durante 5 dias (consecutivos ou nao) das 00:00 aas 24:00. Assim, saimos de Kobe com JPY 2.300 (equivalente a 1 dos 5 dias do 28-kippu) com a intencao de baldear de estacao em estacao ate chegarmos a Shizuoka/Mishima (a ultima estacao de trem ate o monte).

Os grupos O grupo foi formado por 15 colegas: B., C. D., R. e eu da pos-Monbusho, M. e D. da graduacao-Monbusho, S.e I. da UEL, S. da Kenpi-Kumamoto, R. do Banco Mundial, e um pessoal da Universidade de Tsukuba que eu nao conhecia. Entre os 15, houve alguns com preparo fisico e auto-confianca melhor que outros. Dividimo-nos em 3 grupos. Eu com o grupo mais lerdo (porque eu tambem sou bem lerdinho!), responsavel pelo possivel desmaio de alguem que, por estar atras de todos, nao pudesse ser socorrido. Por incrivel que pareca, do grupo que chegou primeiro ao cume, metade estava no ultimo grupo (dos 6, S., D. e eu). Do primeiro grupo, apenas o B. conseguiu chegar antes.

O segundo grupo a chegar apareceu 30 minutos e algumas dores de cabeca depois e o ultimo grupo chegou exatamente aas 4:25 para ver o nascer do sol, depois de dois desmaios e muitas dores de cabeca (3 deles precisaram descansar – dormir e passar por cuidados medicos – no ultimo posto de atendimento).

Conversas durante 8 horas de suplicio! Como toda caminhada entre universitarios, tudo comeca com uma discussao basica de economia e politica internacional entre eu, M. e R. Com a dor de cabeca dos dois (e consequente parada para dormir), eu e o Danilo “demos uma subida do nivel” da conversa e comecamos uma profunda discussao sobre, claro, as dificuldades inerentes aas mulheres japnoesas! Desnecessario dizer, essa foi sem duvida a parte mais agradavel, construtiva e, consequentemente, memoravel da escalada! Outra observacao relevante: alem do exposto, nada publicavel!

Os ultimos 200 metros! Os 3775 metros de altura sao medidos em linha perpendicular ao nivel do mar. Infelizmente, as montanhas nao seguem um padrao vertical perfeito. Assim, cabe-nos escala-las a partir da sua superficie, a hipotenusa dos 3775 metros. Ainda, dada a impossibilidade humana de seguir em linha reta por esta hipotenusa, esta e percorrida em zig-zag horizontal, nas curvas de nivel da montanha. Assim, somam-se muito mais de 10km andando durante mais de 8 horas (a descida soma 10,8km, em zig-zag em caminho de cascalho – rocha basaltica).

De todo o percurso, entretanto, os ultimos 200 metros sao os mais dificeis. Primeiro, porque nao ha muita superficie da montanha para se andar em zig-zag. Isso significa que a subida equivale a hipotenusa mesmo, tornando sua inclinacao em mais de 60 graus. Durante essa distancia, nao ha como subir senao apoiando-se numa corda-mestra e/ou utilizando as maos para segurar pedras. Esse percurso so e ultrapassado, depois de mais de 7 horas subindo, com o principio do Mou-Chotto (mais um pouquinho) japones. (Alias, dificil omitir a garra e determinacao entre aqueles - japoneses ou nao - que chegam ao cume).

Shinkansen Na volta, apesar de sairmos aas 7:00 do cume, chegamos apenas aas 11:00 na estacao 5 (Gogome) e nao havia como viajarmos de volta pingando de estacao em estacao com o 18-kippu. Assim, optamos por gastar JPY 12.000 e retornar de trem-bala (o Shinkansen). O mesmo trajeto que fizemos em mais de 8h com o 18-kippu, fizemos em menos de 3h de Shinkansen (claro, pagando muito mais do que o quadruplo). Mas valeu a pena. Cheguei em Kobe, tomei banho, escrevi algumas dessas linhas, e dormi!

Dos equipamentos Alem dos previstos em uma escalada (roupa impermeavel, capa de chuva, bota, lanterna, etc.), valeu o investimento em luvas anti-derrapantes (para segurar pedras) e agasalho anti-ventos. Alguns compram um bastao para se equilibrar. Ajudaria!

O oxigenio em spray Eu nunca tinha ouvido falar disso e nao estava nem pensando em comprar. Mas como todos estavam levando e fazia parte do kit de primeiros socorros, acabei investindo uns JPY 600 (=USD 5) em 500ml de oxigenio em tubo spray. Conforme a altitude se eleva, o ar se torna mais rarefeito, a pressao menor e a oxigenacao sanguinea menos intensa. Dai o oxigenio em spray, uma bomba de oxigenio portatil. Cheguei no topo sem precisar e, claro, acabei experimentando os JPY 600 (equivalentes e 5 chocolates) ao retornar. Muitos do grupo, entretanto, acabaram utilizando a lata inteira.

Do resultado Um ditado japones adverte que nao subir o Fuji e idiotice, tal como o subir novamente (menos de 0,5% dos japoneses escalam o Fuji em sua vida e aproximadamente 20% dos turistas e residentes nao-japoneses escalam o Fuji ao menos uma vez)! Um americano escreveu que subiu uma vez e nao pretende retornar aa idiotice. Eu tambem nao pretendo retornar ao estado!

Claro, o passeio vale por diversos motivos. Em especial, pelo desafio. Sao 3775 metros (bem, tirando os 2305, sobram apenas 1470 de cateto) de subida ingreme, rocha porosa e arenosa, trechos que exigem subida “de quatro” e muito frio. Segundo, porque a vista vale. O nascer do sol e a vista das nuvens por cima. Terceiro, pelo trabalho em equipe. Sao 15 horas trabalhando em (3) times (de 5), subindo rochas e exigindo parcerias, alem de motivacao mutua. Finalmente, porque eu nao sei por que, mas meu avo tem um quadro do Fuji na sala desde que eu nasci e eu ainda nao entendia porquee (bem, continuo sem entender)!


O Zig-zag da descida.

Um dos postos de controle da descida.

A descida.

A visao de cima das nuvens.

O ponto mais alto (de verdade).

A cratera do vulcao extinto.

A subida, do cume.

O sol.

O sol inteiro (Hi no Maru, o simbolo da bandeira japonesa).

Primeiros raios amanhecer.

O ultimo portal!

Entrada do caminho Kaaguchiko (Gogome)

Vila do Kawaguchiko (Gogome ou 5a estacao)

Rota Kawaguchiko (Yoshida)

No mei ode uma nuvem, na descida