Sunday, March 26, 2006

Zico no Japao

Eu sou um brasileiro que nao entende nada de futebol. Assisto de quatro em quatro anos a final da copa do mundo e, nao fosse um amigo me corrigir, escreveria aqui tambem que assisto tambem aa final do brasileiro, que, segundo este amigo, nao existe mais desde 2002.
Mas nao houve como nao prestar atencao ao comentario do tecnico da selecao japonesa, televisionado entre uma queda do indice nikkei e outro pronunciamento do minsitro das relacoes exteriores sobre a Coreia do Norte. Isto porque o tecnico da selecao de futebol japonesa, o brasileiro Zico, embora ja esteja no Japao ha mais de uma decada, continua anunciando aa imprensa seus resultados em portugues!
E o mais engracado e que os jornalistas disputam os melhores lugares para fotografar o tecnico, este nao parece nem ai se os jornalistas estao entendendo ou nao o que ele esta falando. Ele simplesmente sai falando em um portugues baixo e arrastado e os tradutores que corram atras da bola. Chega a parecer arrogante, uma caracteristica nao muito comum entre brasileiros.
Nesta semana, ele comentou que o time de futebol japones deve ficar contente se conseguir chegar aas semi-finais da copa. Esta ai algo que um japones jamais diria. Os japoneses nao querem saber qual o objetivo, porque eles jogam para fazerem o melhor possivel, independentemente do que consigam atingir com isso. Mas o tecnico deles, com uma cultura nossa, nao titubeou: o Japao nao esta preparado para passar da semi-final da copa de Berlim.
Enquanto diversos estrangeiros vivendo no Japao (inclusive brasileiros) se esforcam para serem reconhecidos como japoneses e lutam para absorver a cultura e a lingua, esse brasileiro e admirado e desejado pelos japoneses como um estrangeiro.
Eu nem sei quao competente ele e como tecnico de futebol, mas um cara a quem os japoneses escutam em portugues no Japao merece respeito! Mesmo de um cara que nao sabe para que servem todas as linhas de um campo de futebol!

Monday, March 20, 2006

Sobre o Domingo: O Deus Oriental nao Descansou no Setimo Dia

Domingo nao e um dia que me incita ao trabalho. Claro, muito do que eu aceito como diversao nao faz parte da forma de entretenimento de muita gente, mas ler, escrever, cinema, exposicoes sao, para mim, atividades extremamente divertidas e relaxantes.
Mas, senao excepcionalmente, nao me lembro de ter tirado um domingo para resolver problemas profissionais. Mais especificamente, equacoes diferenciais econometricas. Em um final de semana “normal”, nao faz parte dos meus passatempos prediletos relacionar Chi-Quadrado com Maximum Likelihood Estimators ou provar Cramer Rao.
Essa, entretanto, parece ser a rotina de diversos colegas orientais. Invariavelmente, vejo a sala de estudos lotada de orientais estudando durante o domingo. Mas costumo ocupar sozinho a mesma sala durante a manha de segunda feira.
E (o que mais me assusta) eles me questionam por que eu me recuso a abrir um livro de estatistica num domingo.
O fato, entretanto, e que minha semana e muito mais intensa (e eficiente) do que a deles. Primeiro, porque e facetada e concentrada. Ou seja, separo hora para estudar, hora para descansar, hora para ler, responder e-mails, escrever... e por ai vai. Eles, por outro lado, simplesmente resolvem suas tarefas priorizando-as: resolvem-nas quando precisam ser resolvidas, quando nao ha mais como postergar. Eu so consigo fazer, simultaneamente, 12 coisas de cada vez (nota: a expressao e de uma ex-chefe do banco).
Por fim, porque depois de um dia de descanso, minha capacidade de processamento aumenta consideravelmente.
Se isso e desejavel? Questao de estilo. Mas que eu produzo mais, nao tenho duvidas! (E eles tambem...)

Sunday, March 12, 2006

Exame de Soroban

Nas artes marciais em geral, ha uma certa hierarquia de conhecimento tecnico. Em geral, ela se demonstra pela cor das faixas. Assim, um lutador faixa-preta sabe mais do que um lutador faixa-vermelha. E assim sucessivamente ate o faixa-branca, para aqueles que iniciaram sua pratica recentemente.
E o mesmo ocorre com o Soroban, o abaco japones. Ha diversos niveis de conhecimento tecnico, graduados entre o Nivel 10 (equivalente a faixa branca) e o Nivel 1 (a faixa preta).
Hoje, mais especificamente, fui fazer o teste para receber, digamos, a faixa azul. Trata-se do Nivel 5. Claro, assim dito, parece que eu ja sou um mestre do abaco japones! E, de fato, talvez eu ja tenha um conhecimento relativamente alto. Relativamente.
Descrevendo o ambiente do exame, entretanto, fica patente que nao e nenhum orgulho ser um “grande conhecedor” da tecnica “Soroban-istica”. Isto porque, ao chegar ao local do exame, nos deparamos algo inesperado.
Eramos cinco. Estrangeiros. Estudantes de Soroban. Em um curso oferecido voluntariamente. Pela Camara de Comercio de Osaka. Apenas para estudantes estrangeiros. Eu, com meus 25 anos, era o mais novo. Todos professores ou pos-graduandos de duas das cinco mais prestigiadas universidades japonesas. Universidade de Osaka e Universidade de Kobe. Um professor de matematica, dois professores de linguas, um doutorando em direito civil internacional de generos comparativo e eu, mestrando em economia financeira internacional.
Os outros trinta e cinco alunos que prestaram o exame, entretanto, se dividiam entre alunos da primeira a quarta serie do ensino primario. Sim, criancas cuja idade variava de 5 a 8 anos.
E eles nao conseguiam parar de admirar a dificuldade dos tios em conseguir mexer nas pedrinhas do abaco, que sempre se mexeram sem qualquer problema. Sempre fora natural. Para elas.
Nao havia muitas alternativas. Estavamos la para mostrar que sabiamos tanto quanto uma crianca de 5 anos. Mas sabiamos. Fomos la e fizemos. Alguns bem, outros nem tanto. Humildemente perante aquela plateia de olhihos esbugalhados, surpresos muito mais com seus colegas de classe – nao com a nossa aparencia fisica, mas com nossa dificuldade, claro – que com os problemas do exame.
Muito engracado! E nem todos os tios conseguiram passar no exame.

Thursday, March 09, 2006

Meu Pianista Preferido

O fato de eu tocar piano nao significa que eu me considere (ou seja) qualquer especialista sobre o assunto. Entretanto, mesmo amadores sempre teem seus idolos.
Pois bem, quando indagado sobre meu pianista preferido, costumo indicar a concertista Condoleezza. Ela nao e muito conhecida no meio artistico, mas se trata certamente de uma musicista admiravel. Muito mais por sua carreira que por seu conhecimento sobre a tecnica pianistica.
Ela nasceu em uma familia modesta (embora nao pobre), filha de uma professora de musica e um professor universitario. Negra, passou sua infancia em Alabama (EUA), durante o periodo de luta contra a segregacao racial. Alem da musica, manteve tambem outro hobby: patinacao no gelo. E ainda hoje mantem o habito esportivo. E, indubitavelmente, uma mulher interessante. Graduou-se em Denver e se tornou a mais jovem professora de Standford.
Mas e dificil encontrar informacoes de Condoleezza como pianista. Infelizmente (ou nao, diriam os conservadores), ela interrompeu seus sonhos de se tornar uma concertista aos 15 anos. E nao assumiu qualquer catedra como professora de qualquer materia relacionada a musica. Graduou-se em relacoes internacionais. Fala fluentemente quatro linguas e, atualmente, e a Secretaria de Estado dos Estados Unidos (Governo Bush). E, invariavelmente, considerada a mulher mais poderosa do mundo (segundo a revista Newsweek, porque ela tem as “bolsa do presidente Bush nas mãos”).
E por isso gosto dela. Porque consegue manter o hobby (que exige tempo e dedicacao) mesmo com uma carreira tao atribulada quanto a que ela possui. E, se ela consegue, nao e uma carreira como um economista mediocre que me impedira de continuar a martelar o instrumento.
Ou, quem sabe, uma esposa me impeca! A Sra. Condoleezza Rice nao e casada! Talvez seja isso que a permita continuar tocando!

Sugestao de Musica

Sugestao: escutem a musica "Those were the days", de Mary Hopkin. Vale a pena.

Equacoes Diferenciais e o Barbear

Hoje consegui desenvolver a prova de que a Distribuicao t de Student equivale a razao entre a Distribuicao Normal e a raiz quadrada da Distribuicao Chi-Quadrado sobre n.
E mesmo assim, continuo sem entender como e possivel fazer a barba sem me cortar!